sábado, 12 de janeiro de 2008

ser pouco

Em luta:
Meio que serpente
Meio que ser ponte,
Pra passar não sei pra onde
Pra picar não sei o quê;
E ao pisar por entre as dores,
esperar não sei por quem

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um Algo

Um Algo


Há algo em mim que habita o subterrâneo

E, escondido entre os olhos e o pulsar,

Se mantem quieto e calado

Como à espera do instante de ser.


É uma dor cheia de luz,

um prazer vestido de sombras,

Como os que sente a estrela que descobre na manhã

a esperança de uma outra noite que lhe permita brilhar.


Há algo em mim que se esconde e se transmuta,

Que se disfarça e se desculpa,

Que não se quer assumido, nem tão pouco esquecido:

quer-se vivo, mas dormente.


Não me permite dizer seu nome

mas não me resiste se penso em seu tempo.

Não quer estar escrito na fronte

mas não se importa de transparecer num sorriso.


Sua simples existência é como prova do sangue que corre quente em mim

sem se importar com primaveras, outonos ou verões;

Nos invernos, se faz mais forte e desacalma o peito

mas se veste de formas em que não lhe possam identificar.


Há algo em mim que não ouso decifrar,

que não tento entender,

algo em que não quero acreditar,

Mas que, no mais afastado de meu peito,

aguarda calado por um toque que já conheceu

e que, sabe, é o único que poderá aceitar.