Um Algo
Há algo em mim que habita o subterrâneo
E, escondido entre os olhos e o pulsar,
Se mantem quieto e calado
Como à espera do instante de ser.
É uma dor cheia de luz,
um prazer vestido de sombras,
Como os que sente a estrela que descobre na manhã
a esperança de uma outra noite que lhe permita brilhar.
Há algo em mim que se esconde e se transmuta,
Que se disfarça e se desculpa,
Que não se quer assumido, nem tão pouco esquecido:
quer-se vivo, mas dormente.
Não me permite dizer seu nome
mas não me resiste se penso em seu tempo.
Não quer estar escrito na fronte
mas não se importa de transparecer num sorriso.
Sua simples existência é como prova do sangue que corre quente em mim
sem se importar com primaveras, outonos ou verões;
Nos invernos, se faz mais forte e desacalma o peito
mas se veste de formas em que não lhe possam identificar.
Há algo em mim que não ouso decifrar,
que não tento entender,
algo em que não quero acreditar,
Mas que, no mais afastado de meu peito,
aguarda calado por um toque que já conheceu
e que, sabe, é o único que poderá aceitar.
2 comentários:
Bem vindo ao mundo dos blogs primo!!!
Beijos
Mas que belas palavras ,em pleno horário quente de refeição .O apetite aumenta ...Bjks
Darwin Demarch
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