terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

2ª Pessoa

Não habita em mim um desejo incontido de te ter aqui;

Encontro em mim uma saudade solar,

uma vontade enorme de dividir contigo cada bobagem que me tornei,

contar meus sonhos, meus medos, meus contos ponto-a-ponto;

Deixar em ti um pouco do que fui e serei

enquanto sou quem sou.


Passo os dias angustiado com não-sei-o-quês

Mas se paro e penso em ti

Em pouco uma certeza me aquece

E novamente não estou à frente ou atrás:

apenas estou.


Ontem senti teu cheiro por aí.

Duas vezes.

Caminhava pela rua quando senti um cheiro

que seria qualquer há uma semana

mas, então, já não era;


Reconheço em ti um sabor meu

E, quando contigo, sou mais eu que quando só.

Teus olhos são vivos como o mundo

Tua pele, branca

Teus cabelos tão cheios da confusão que há na tua cabeça

Teus dentes, e os meus

Teus pêlos e os meus

Teu latido me deixa perdido e louco

Teu sopro, teus beijos... Ah, teus beijos!

Tua voz rouca em meu ouvido

Teu cheiro... Ah, teu cheiro!

Me encontrei ao senti-lo na rua

e nas lembranças dele me perdi lembrando de você.


Sei tão pouco de ti,

Ainda sei tão pouco de ti;

Mas já não és só mais um.

Teu sorriso me acalma o peito

Não jogas com o que tens pra dizer

Só dizes, como eu;


“Me encantas”, “eres lindo”,

“I like u”, “love u”,

Tudo num tempo tão próprio,

Um tempo que se estende

E só atende ao pedido de fazer-se verdadeiro.


Tua canção, tua paixão.

Não quero ser maior do que nada que já tens;

Quero ser o novo como és novo para mim,

Como vens criar o novo em mim;

Não quero ser nada além daquilo que vim ser:

Companheiro, ouvido, calor.


Sorrio à menor lembrança tua:

já estás presente.

Te vejo num daqui a pouco,

Em sonhos, em letras, em corpo;

O tempo que se faz de espera é aliado do que há pra se viver.

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